quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sensibilidade perfeita


A invisibilidade perfeita está exatamente na frustrada tentativa em visualizar a perfeição. Ela é invisível, indescritível e imprevisível. A única maneira coerente em que eu classificaria qualquer resquício da perfeição, seria na sensibilidade. Eu não concluo essa afirmação apenas pelo que vejo ou pelo que eu sinto, mas pela pequena e insignificante vivência e existência que eu traço na tua vida. Mas eu poderia dizer que nessa pequena, insignificante e talvez, tão importante convivência em que temos, eu nunca teria em nenhuma parte anterior da minha vida encontrado a perfeição que eu vi nos teus olhos. Não, não me refiro àquele azul que me enxarca o peito ou pelo curioso fato de me fazer sentir em casa toda vez que o vejo. Eu me refiro à algo mais, a algo indescritível, a algo indiscutivelmente prazeroso, a algo totalmente sensível e compatível. Me referia a algo mais, mas acho que não encontraria palavras pra descrever.
Eu não acho que somos interligados ou que temos uma conexão maior do que temos com outras pessoas. Eu apenas acho que estamos condenados a nos apaixonar diariamente e isso me faz sentir como se a única coisa em que eu ousaria pensar e sentir fosse o que eu definiria como algo maior do que qualquer sentimento profundo que alguém tenha sentido. Como se o amor fosse pouco para o que estamos condenados a sentir, é como se todo o calor fosse insuficiente para aquecer tanto quanto a tua presença me aquece. E isso me faz crer que a divindade se encontra aqui, se encontra nessa dimensão e que tudo o que somos e que tocamos é divino. É como se não houvesse outro lugar que não seja onde você está, mas que ao mesmo tempo, é notável e previsível te encontrar em todo lugar. E então eu compreendo que a ligação está além de nós; não estamos conectados, nós fomos conectados e estaremos até onde essa divina conexão nos permitir ir, nos permitir chegar e nos permitir partir. Que nos permita estarmos juntos, mesmo que distantes visívelmente, pois pra mim, a perfeição se resume a ti. Mesmo que eu não possa ver isso diante dos meus olhos, eu me sinto tão próximo a essa perfeição... Talvez nem seja tua, talvez não seja minha; talvez pertença àquilo que não se vê, ao que é invisível e incompreensível, ao distinto e irreconhecível, ao sensível e imperceptível. A um sentimento indefinível, que por alguns, é conhecido como "amor".

sábado, 30 de julho de 2011

Euforia


Já me acostumei com o vai e volta (Não digo "vai e vem", porque nunca venho, eu sempre estou voltando. Sempre voltando para casa.) que a vida me traz, e posso até dizer que gosto disso, me sinto mais responsável, independente e resistente. De alguma forma as idas e vindas me trazem liberdade. A maior liberdade que um ser podería possuir: saber a hora certa de chegar e de partir. Me acostumei com as chegadas e as partidas; mas confesso que jamais me acostumei com as despedidas. Não é por medo de não voltar e nem por medo de não lembrar, mas de me acostumar. Tenho medo, às vezes, de deixar uma despedida passar despercebida. De não me importar mais se o coração quer ficar ou quer partir; de deixar de ouvir o som de dentro, de não permitir que a saudade me domine por ao menos um segundo. Eu temia por isso. Mas algumas pessoas aparecem nas nossas vidas para nos lembrar que o esquecimento é a nossa eterna afirmação já esquecida. A não ser que deixemos que a morte nos domine. Jamais pensei que as simples e despercebidas ocasiões me trariam resultados tão extrordinários e cativantes. Aliás, o fácil nunca é extraordinário; eu gosto do desapego e da saudade. Eu sinto gosto, sinto o pulsar desse amor e a certeza de que o sentimentalismo ainda vive em mim. E eu acho bonito ver aqueles que ainda choram por um motivo bonito, eu acho sincero ver aqueles que não tem medo de chorar quando alguém olha e é divino aqueles que ainda permitem a saudade vir, a lágrima cair e a dor sentir.
O que me faz acreditar na simplicidade e generosidade do que é belo é esse ato de aceitação e de conexão aos sentimentos e a forma de como nos influencia, nos envolve e nos transforma na dor do outro, na escolha do outro e na lágrima do outro. É um estado envolvente e consciente, enfatizo a palavra "consciente", pois é preciso coragem, determinação e aceitação para deixar a dor fluir sem hesitar. É preciso deixar o coração dizer sem precisemos pensar em uma só palavra; seus próprios atos são suas palavras e suas palavras se transformam em seus atos. E isso parece simples, e realmente é, mas convenhamos que as pessoas sempre quiseram ser mais extraordinárias do que simples. A simplicidade deixou de existir em seus corações para se importarem com a milagrosa e extraordinária forma da materialização; não estou dizendo que o milagre não está fora, estou apenas afirmando que para haver vida por fora, a vida antes há de passar por dentro, para que haja amor nas coisas que vemos há de existir primeiro amor nos olhos de quem está vendo, para que exista a paz mundial, precisamos permitir que a paz domine antes o nosso interior. E isso é totalmente possível e simples. Sobretudo, verdadeiro. Que a vida me prove o contrário se eu estiver errado, me fazendo acreditar nessa superficialidade em que as pessoas se transformaram. Não é questão de vergonha e nem de medo. É muito além disso; as pessoas tem medo e pavor de serem elas mesmas mesmo sozinhas, mesmo diante de sua essência, elas sentem vergonha do que realmente são. De sentirem a graça do prazer que a vida oferece de graça. Eu me refiro ao conhecimento das próprias atitudes e à observação do que vem de dentro. Eu posso esclarecer melhor com pensamentos normais e despercebidos: as pessoas transformaram o prazer, o sexo e o auto-conhecimento do corpo em um ato profano. As pessoas tranformaram o ato mais divino, em que realmente nos centramos e nos conectamos com o outro, que permitimos em que eu me torne o outro e que o outro seja quem sou, em uma ideia profana e pecadora. Somos seres divinos, assim como toda e qualquer forma de vida. Viemos do divino e partiremos com Ele. Talvez essa afirmação é que me faça partir, chegar e voltar sem medo se iremos nos reencontrar. No mais profundo do meu ser, algo sempre me diz que por mais que a dor venha e que a saudade nos consuma, sempre voltaremos e sempre estaremos no mesmo lugar. Pois antes de ir, eu estou e antes de partir eu senti essa dor, e quando eu voltar eu vou me lembrar que a vida é um ciclo e que precisamos dar continuidade a ele, precisamos voar e nos reencontrar. Não importa de que forma, não importa em que momento, nem que seja em pensamento eu me encontrarei em ti e voltarei para ter a certeza de que nos reencontraremos novamente. Nem que seja em outra vida.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Entrelinhas



Quando conhecemos alguém que nos faz impor o medo e nos faz seguir em frente sem olhar para trás e sem pensar nas consequências do que aquilo poderá nos ocasionar; naturalmente nos perguntamos se há amor, se será amor, se o que sentimos é amor. (Amor mútuo é uma raridade!) Mas por alguma ironia do destino ou por algo maior, o nosso sentimento, que no começo era devastador e que nos sufocava, se transforma e simplifica a sua beleza simplesmente pela simplicidade da eterna dimensão que aquilo significa. Não sentimos mais falta em falar de amor como falávamos há alguns dias atrás; não temos mais a necessidade de escrever sobre amor como antes, não pensamos no amor com tanta frequência; e talvez, por alguns segundos nos deparamos que "amor" nos passa tão despercebido quanto uma flor que nos aparece em nosso caminho pra lembrar que a simplicidade está nos olhos de quem ama e nao de quem reclama. Então paramos de procurar por amor, passamos a criá-lo, a imaginá-lo em nossos corações como algo... despercebido, natural e recíproco. Não mais falamos uma palavra que nos lembre amor. Pois começamos a compreender que o amor é a palavra, e então, cada gesto, cada sorriso que você esboça me soa como amadorismo. Não queremos mais esperar pelo outro; é simples, sem percebermos começamos a amar, por naturalidade, sem esperar absolutamente nenhuma consideração. Amamos como um rio que flui sem parar e sem pensar em quem está usufruindo daquele extremo ato de caridade. Não nos importamos se há alguém poluindo o nosso rio, o nosso amor; simplesmente continuamos fluindo. E sem querer, eu desaguei em ti, naqule instante eu deixei de pensar no amor. Eu deixei que aquilo me guiasse e me consumisse. Não senti medo e nem pensei se era amor que estava por vir ou o rancor em não deixá-lo fluir. É como se eu fosse só amor, nem se quer hesitei em pensar em te amar. Eu simplesmente amava...

[Como é bom ouvir o sussurro que o silêncio lançava do teu sorriso dizendo que o amor está no silêncio. As palavras só distorcem os sentidos. É inútil descrever. Começamos a calar e olhar o amor passar pelos nossos dedos como algo interminável e inocente.]

...e algo dentro de mim dizia que a reciprocidade daquele sentimento iluminava os teus olhos enquanto tu entrelaçava os teus braços nos meus.