sábado, 30 de outubro de 2010

F L O R E S

Tenho pensado muito no que escrever hoje e nada me ressaltou, mas mesmo assim eu estou aqui, tentando transcrever a minha opinião, a minha emoção, o meu coração. Então eu vou entrelaçando as ideias junto com os sentimentos. Tranformando em forma, em matéria escrita, mesmo que não se consiga transcrever nem um terço do que o coração sente. Mas que ao menos tente, mal nenhum há em quem consente com o olhar. Aliás, acho mais bonito do que o falar. Mas se não me olhas com olhar de quem acolhe, se não escutas com os ouvidos de quem compreende, então, escrever me resta ao coração que lê, tudo bem, que leia com a mente, mas a verdade consciente é guardada por ele, o coração, este não mente e nem desmente, apenas acolhe, consente e compreende.

Coração que aquece como fogo, que vê a razão como brincadeira e transforma o medo em madeira, que traz amor como uma chama que se estende em labareda, que queima o ódio e transcende a imensidão em paz. Que transforma a dor em flor, que faz da canção o amor, que compartilha do carinho sem rancor.

Que bom que seria se os caminhos floridos fossem sem saída, mas que bom mais ainda se os caminhos floridos, antes fossem, ultrapassados por coragem e ferida. Assim, estaríamos mais preparados para enfrentar de tudo na vida.
Se não doer, como conhecer o prazer? Se o prazer está na razão de viver, qual a razão de crescer, florescer, desabrochar, murchar e doar? Se a razão de crescer está no doer, no prazer e no viver, por que tanto medo do perder, do ganhar e do celebrar? Se as respostas estão na partida, no caminho florido, nos detalhes naturais e no pôr do sol que faz do dormir um espetáculo divino, enquanto dormimos de olhos abertos e de corações calados, se vivemos desperdiçando a beleza da vida, por que as perguntas no final da caminhada? Por que não só a reflexão, a meditação e a absorção do natural, da pureza em si, da beleza perfeita e da resposta tão almejada? Resposta não há para tanta perfeição diante de nós, para tanta transcedência de nós, por nós e sobre nós. E quem em respostas se interessa mais do que na divindade perfeita que a vida é e que a vida dá, de nada adianta perguntar, apenas, lamentar.

A voz que traz, conversa e espanta a solidão. Que nos faz amigo do corpo, da mente e da imaginação. A voz que nos faz sonhar por dentro, mesmo sem dormir, que nos faz transformar em sonho, por fora, sem sentir. A voz que transforma qualquer pergunta em afirmação, em afeição, em doação. E não há respostas pra isso, não há solução, não há direção a seguir a não ser a do coração, do caminho florido, que antes, por dor passou, por mágoas lamentou, por mares atravessou. Não há perguntas a fazer, a não ser sorrir, chorar, crer e crescer. As respotas estão no caminho, na partida, na chegada e na vinda à uma nova caminhada. Está no voar e no navegar. Está no regar e no desabrochar. Está no ser e no sonhar. No real e no imaginar. No nascer e no morrer. E não há nada que nos fará crescer mais do que questionar à nós mesmos estas perguntas surreais. Quem sabe o coração não dirá? Quem sabe o que não se sabe, o que não se compreende, brota do inconsciente e floresce na mente?

Vivendo e sentindo e respostas seguirão fluindo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Hoje é Dia de Voltar a Amar


A minha vida é uma volta, ela dá voltas, ela vem e vai e volta, ela é uma estrada de volta para casa. São as mesmas pessoas, novos olhares. São outras percepções e os mesmos alardes. E isso é recíproco, é contínuo, é insano. Porque sempre paramos no mesmo lugar, mas não reconhecemos, não nos reconhecemos e não reconhecemos o próximo. O que muda é o ponto de vista. É a casa de dentro que muda, o aspécto é o mesmo, mas a voz já não. A visão é a mesma, o olhar não. O coração é o mesmo, a dor não. São outras opiniões com faces iguais. É uma cachoeira tranquila que escorre quilômetros de água sem perceber. Quando percebemos o rio secou e a correnteza cessou. Isso não é falta de atenção, é simplesmente inevitável. Se é lamentável ou não, depende de nós. Não me refiro à distância, não me refiro à saudade, não me refiro à lembrança e nem à impassibilidade. Eu me refiro à flor que brota hoje e desabrocha amanhã, eu me refiro ao beija-flor que desfruta desta flor hoje, e mais milhares amanhã. Eu me refiro ao pássaro que canta hoje e que amanhã não mais se escutará. Me refiro à mim mesmo, que lia ontem e escrevo hoje. Que sonho hoje e amanhã me deito.
Aproveitar o hoje é muito mais do que aproveitar só o hoje, é aproveitar o único, o que não voltará. Cada dia um lugar, cada segundo um olhar, cada decisão um abandonar, cada sorriso um cantar, cada destino um sonhar. Por mais que hoje seja apenas hoje, por mais que o amanhã seja o mesmo que hoje e que depois não sei...
Vem, volta para casa e te esperarei. Sem flor, sem dor, sem prometimentos e sem ter que pensar no amanhã. Por ser hoje, por hoje não voltar. Por hoje ser sempre e por sempre ser dia de amar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Por tudo que o dia me trará


Quando escrevo sobre amor, sempre penso que será a última vez. É tão intenso e tão natural que acho que serei incapaz de ser tão simples e relevante novamente. Mas então, o que parece vazio se enche e transborda, então, o invisível me traz o aviso, é preciso retirar de dentro e extrair o mínimo do que eu puder. Não o máximo, o mínimo já me parece infinito e o máximo só será energia desperdiçada. O mínimo me basta para demonstrar o tamanho da imensidão vazia, que por mais infinita e sabida, me faz sentir a vida como uma forma imensa da incapacidade sentida. Por mais que dita, por mais que ouvida, não mais que transmitida, não mais que sentida, não mais que sofrida. Internamente envolvida. Externamente dividida. Mas é assim que essa esfera gira e me faz pensar que a vida nada mais é do que olharmos para dentro de nós mesmos e encontrarmos a cura das próprias doenças que criamos. Pois não há razão que insista, nem ciência que explica, não há amor que resista, senão o próprio. Não há conhecer mais sábio do que o coração e a consciência. Não há forma mais bonita de perdão do que o reconhecimento da fraqueza, da tristeza e do apelo ao coração. Não há canção que mais bonito soe do que aquela que envolve a nação, que transforma toda a solidão em oração, toda a dor em revolução. Não há amor que aguente senão aquele que vê pena como compaixão, perdão como gratidão, ciúme como reconciliação. E a esfera gira. Enquanto dormimos sem sonhar, enquanto calamos sem gritar, enquanto ouvimos sem questionar. E o moinho não flui e a luz não surge e a prece não é ouvida. De qualquer forma, a esfera gira. E gira. E enquanto questionamos sem ouvir, sonhamos sem dormir, gritamos sem sentir. A esfera gira, e enquanto acharmos que a salvação virá, a esfera há de girar. Enquanto esperamos por sonhar, enquanto o dormir não relaxar, enquanto a fé não curar. E por mais que cure, que doa, que seja, que perca, que ganhe, que sofra. Por mais que a razão vença, que o perdão seja uma forma de troca de favor, que o amor seja uma prova de pavor. Essa esfera gira e gira sem pensar, sem parar, sem sentir, sem querer. Simples, por girar, por sempre ser, por sempre estar em sincronia absoluta, em perfeita sintonia. Estonteantes ou calmos, estaremos sempre em movimento. Medíocres ou amados, seremos sempre separados. Por todos os motivos, por todo o passado, por todo o porvir, por todo amor, enfim. Eu hei de girar, eu hei de me encontrar em ti. Que seja intenso por um instante, mas que seja por um instante intenso. E só o instante me valerá, por mais, por tudo mais, por mais que a esfera pare de girar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cor(ação)


Ah! É essa paixão que me faz desacreditar na conclusão, que me faz impor a ilusão, que me faz transcender essa imensidão.

Ah! É esse amor que me faz acordar toda manhã sem medo de sorrir por mais que o sol não esteja aqui, que me faz sofrer sem perceber, que não faz doer mas faz arder, que me faz chorar por sorrir, que me faz agradecer por ainda te ver aqui.

Ah! É esse ar que me faz respirar... Mesmo sem querer, mesmo se arder, mesmo se chamar, mesmo se lembrar.

Ah! É esse rio que me transforma em mar... Que me faz flutuar mesmo sem nadar, sem me fazer sufocar, sem me deixar confiar, me transformando em peixe sem ter que mergulhar.

Ah! É essa raíz tua que me deixa em paz... Que me faz estar bem sem ter que chamar alguém, que me faz estar lá, sem ter que estar, que me faz te esperar, sem nunca te ver chegar.

Ah! É essa maresia que me faz acalmar... Que me faz transformar toda rebeldia em melodia, toda raiva em poesia, toda ansiedade em sintonia.

Ah! É esse açucar que me faz adocicar... Sem ter que engordar, sem ter que viciar, por querer me curar.

Ah! É essa voz que me faz te chamar. É essa energia que me faz acreditar, que qualquer dia é dia de viver e morrer (Por que não?), de saber se realmente estou aqui ou não, de te ver hoje só com o coração, se ainda quando tento te ver com olhos é em vão. Se é isso ilusão? Que seja, então!

Ah! É essa ilusão...

domingo, 3 de outubro de 2010

Demasiado


Às vezes me enxergo por dentro e me sinto fraco.

Me vejo por fora, me sinto desgastado;

Me vejo em você e me sinto derrotado.

Te vejo em mim, me sinto condenado;

Te vejo aqui e me sinto trancafiado.

Me vejo aí, me sinto sufocado;

Às vezes, tenho medo de não conseguir te esperar.
Às vezes, sinto vontade de voltar e de largar o que eu quero e o que busco pra minha vida.

Mas daí, eu me lembro que você não precisa estar. Você é, e "estar" aqui é a consequência da minha solidão. Eu só espero que não seja vão!


...Eu só espero que não seja em vão.