terça-feira, 31 de agosto de 2010

LI(F)E

A vida é uma verdadeira esfera complexa sem fim. Ela não tem barreiras. Para a vida, o impossível é só mais um obstáculo superado. Às vezes, quando procuramos um sentido real do motivo para vivermos, nós enlouquecemos e nos perdemos em pensamentos inúteis para uma resposta. Somos diretores, atores, cameraman, maquiadores do nosso próprio filme, somos a nossa história sendo contada e inventada por nós, somos nós nos afogando em mentiras deixadas por nós mesmos; se pararmos para pensar, somos o mundo. Somos ele, somos nós, sou eu e somos aquele. Complexo? Só uma questão de opinião. Uma questão de observação. A confirmação de que Deus existe, dito por aquele que é igual a mim, não faz a vida parecer mais óbvia. Aliás, nos dá mais certeza da complexidade divina que é. Se pararmos para pensar, quando queremos algo não há Deus no mundo que nos impeça. A não ser nós mesmos. O "ele" que me refiro. Somos milhares. Se pararmos para pensar, somos Deuses. E com letra maiúscula. Se pararmos para pensar, somos flores e também somos só os espinhos delas. Se pararmos para pensar, somos o amor que tanto procuramos. Se pararmos para pensar, nós somos toda a Via Láctea e mais o Sol.

Se pararmos para pensar, eu sou você e você sou eu. Nós não somos ninguém e o ninguém serão eles. Eles são como nós somos, mas com um outro ponto de vista. E o ponto de vista é a única coisa que muda, é a única diferença entre eu e você e entre nós e eles. Se pararmos para pensar, o mundo realmente é um.

Se pararmos para pensar, quem vai provar que a minha loucura seja falsa e que o teu amor seja maior?

E no meio dessa esfera circundaria contínua e inexplicável eu espero que um dia, não importando em qual vida, o nosso amor se cruze. E então provaremos que o menos é mais, que a beleza verdadeira é singela, que o pouco é muito, que o simples é incrível, que o pequeno é enorme, que dois podem ser um e que a essência do amor é o silêncio.

sábado, 28 de agosto de 2010

Você

Você é como ar. Inevitável. Por mais que eu saiba que não devo respirar essa onda de tristeza e de angústia do não dito, da quietude que eu insisto em quebrar, eu sou obrigado a respirar a tua presença. Por mais que ela seja invisível, intocável. Eu te sinto quando eu menos vejo. Quanto mais confortável você estiver, mais eu vou sentir a angústia do "estar tudo bem". É que eu sei que teve um fim, eu quis assim. Mas só o que eu vejo termina. E eu sinto a solidão de estar mais perto do que eu deveria e sem ver o que eu queria. É a dor da indiferença relatada por uma decisão do coração. É impossível ser indiferente com o coração. É inútil mentir para a verdade absoluta. Eu sei que no meu eu mais profundo eu encontro a verdade absoluta e não ouso em discordar, eu tento enganar e me sinto um fracassado.
Eu e ele. Nós sabemos que você ainda permanece dentro de mim. E quando eu sinto que te perdi ele me lembra que você ainda está aqui. E as lembranças, por mais falsas que pareçam me fazem sentir gratidão de um tempo bom, cercado de ilusão e que me fez um dia achar que poderia te fazer sentir o mesmo. Ah, eu me sinto tão vivo por isso. Esse ar que me traz teu nome me traz junto todos os sentimentos do mundo. Às vezes penso que sou movido à você. Quanto mais longe você estiver mais dentro de mim vai estar. A minha solidão é a tua presença na mais invisível das formas. Eu sinto saudade por não poder te ver, então, a solidão me traz você.

domingo, 22 de agosto de 2010

O Desapego e o Esquecimento

Muitas vezes o esquecimentonos é confundido com desapego. Eu me desapego dos versos que escrevo, mas não esqueço. E muitas vezes o desapego é mal interpretado. Jamais me esquecerei dos sentimentos que transcrevo. É com o coração. É uma lembrança trazida ao papel, é a lembrança sendo materializada. Sou eu enfatizando a sua importância conforme a escrevo. É uma observação. Eu acho que o "esquecer" nos confunde com o desapego. Escrever é deixar o desapego fluir através das palavras escritas, não ditas. É uma comiseração ao próprio sentimento. Não, é mais do que comiseração. É a tristeza trazida com carinho e sendo desapegada. Todo sentimento deve ser passado adiante. Estamos aqui para sentirmos todo o prazer e a dor dos sentimentos. Mas sem nos esquecermos. É crescer, não esquecer. É um auto-conhecimento enorme. Nunca consegui encontrar uma forma mais verdadeira e mais confortável de aprender e a conhecer a mim mesmo do que escrever. Não chamo este prazer de esquecer. Cada verso que aqui escrevo é uma gota de carinho que deságua em um mar de satisfação. Não há como eu esquecer. É o alívio do apego indo embora, sendo transcrito, sendo compartilhado comigo mesmo. Sou eu me desapegando do que eu sinto. Colocando o desapego em palavras, em lembranças do que um dia eu passei.

E no final, quando este sentimento vier novamente, eu deixarei ele vir e serei mais forte por conhece-lo e ter deixado ele ir. Fazer amizade (também) com os sentimentos dolorosos.

Escrever é nada mais do que o desapego sendo colocado em prática.

Prefiro me desapegar dos problemas do que esquecer. Quando esquecemos, estamos fugindo do que sabemos que terá volta. O desapego, é sinal de crescimento, de estar preparado quando essa volta houver.

domingo, 15 de agosto de 2010

Falta De Saudade

À pedidos, escreverei hoje sobre saudade.
A "saudade" é uma palavra da nossa terra. Ela é um orgulho. E eu concordo com este orgulho.
Ela não tem intenção nenhuma em tomar o lugar da falta. A falta é óbvia, a saudade é complexa. A nostalgia da falta não é nada, perto da saudade. A saudade brota do coração, ela nos salta dos olhos sem nem mesmo sentirmos (Ou, por tanto sentirmos). A falta não. A falta é mansa. Ela é fingida, isso sim. A saudade é avassaladora, ela chega rasgando no momento da calmaria. A falta nos vem à qualquer hora. Por recordações, fotografias, cartas. A saudade não. Ela não precisa de fotografias. Ela não precisa do material. Ela tem hora marcada, ela brota da solidão. Pela noite ela acorda para nos lembrar do que o coração sente falta. A falta e a saudade parecem ter diferença pouca. Mas elas tem toda diferença. Sentimos falta quando os olhos enxergam a solidão e a recordação. A saudade nós sentimos quando o coração sente falta do que os nossos olhos enxergam. E isso já diz tudo. A saudade não é para qualquer um. Não sentimos saudade quando perdemos algo material. Quem diz que sente é um mentiroso! Ou, não sabe o que sente. Só sentimos saudade de seres que estão vivos. E antes de qualquer tipo de ser, de pessoas. A sua espécie. A saudade só existe em uma conexão de almas. Precisa estar conectada com a harmonia das palavras e dos gestos.
Falta, nós sentimos até da unha que nos foi cortada. Compreende a diferença? O que sentimos por uma perda fútil é falta. Jamais saudade. A falta é importante. Mas importância é diferente de significância. A significância está em algo que está vivo, não em algo material. O ser se torna significante quando tem histórias para contar. A saudade vem da alma. A falta vem da ilusão projetada pelos olhos.

É como a alegria e a tristeza. É ignorante aquele que julga o alegre, feliz, e o que pensa que a falta e a saudade vem do mesmo saco. Essa desigualdade semelhante é complexa. Por mais que na alegria haja mais intensidade, quando verdadeira, felicidade está na realização total do ser. Não na efêmera, (mas valiosa) alegria. (Para quem não leu o post em que me refiro sobre a semelhança e a equivocaria entre a felicidade e a alegria, leia aqui).

Retomando o assunto. A falta e a saudade é pelo mesmo caminho. Mas ainda sim, a alegria é mais gostosa. É desgostante ouvirmos que sentimos falta de alguém. A saudade é muito mais verdadeira e bonita. A alegria, já não. Me sinto bem em ouvir alguém dizer que fica alegre em me ver. É mais verdadeiro. A falta é diferente. Como havia dito anteriormente, sentimos apenas saudade de almas, de pessoas que nos fazem bem de certa forma. Não existe meio termo para este sentimento. A falta é material. Por isso, não há aceitação para dizermos que sentimos falta de alguém. É saudade de forma mais tímida, mas é saudade.

Isso é como eu penso e como eu vejo as coisas. A tua concordância depende de ti.
Mas de qualquer forma, pense duas vezes antes de confundir a falta com saudade.
Falta até saco de batata têm. Falta se encontra em todo lugar.
Já, a saudade, é mais delicada e mais difícil de se lidar.

Poesias Minhas

Você já foi embora
Há tempos eu não vi
Por que só vejo agora
Se ainda penso em ti?


Se a dor e a solidão
Fazem parte do caminho
Por que até contigo
Eu me sinto tão sozinho?


Não sei mais quem tu és
Talvez um dia eu devesse lhe perguntar:
"Por que tu nunca me disseste o que queria?"
Se tudo que eu queria era te amar?


Se por onde tu fores
É o caminho certo
Vai precisar de uma companhia
Pois te quero sempre por perto


Se por onde tu fores
É o caminho errado
Me leve contigo
Pois te quero à qualquer lado


Se um dia te disséres
Que não podes vir à mim
Me desculpem outras mulheres
Mas te quero mesmo assim.

sábado, 14 de agosto de 2010

Saudade Amarga

Sinto saudade do que não tive e do que ainda quero ter
Saudade de coisas que ainda guardo sem fingir não estar magoado
Faço de conta que não sinto. Persisto em transcender.


Saudade do que tive ou do que já tenho, é viver a ilusão;
Como um tolo que guardar a melhor roupa pendurada no guarda-roupa
De um velho porão.


Lembranças bonitas guardo em meu coração.
Mas não posso evitar esse sentimento magoado que aqui guardo
transbordado de amor e solidão.


Agora me escute guria bonita.
Por mais que pareça aflita por já estar decidida;
Mesmo que seja difícil me entender
Me desculpa se te embaraço quando digo:
Saudade sinto eu de você.

sábado, 7 de agosto de 2010

Drama


Ainda não consigo encontrar uma forma falsa, chata, criativa e enjoativa mais bela do que o drama.

Drama é muito chato e desinteressante. Mas é mais criativo e bonito do que a apelação do ato em se fazer de vítima descaradamente.
O dramático se prevalece pela iniciativa em criar drama quando se vê inferior em poder superar um problema.
A vítima se faz mesmo quando o problema é menor do que a vontade. A vítima sempre está preparada pra enfrentar um drama e se aproveita da situação para fazer o seu papel. O dramático cria o drama. Ele não enfrenta, ele faz.

Óbviamente o dramático vai ser mais impulsivo e atrevido do que a vítima.
O dramático vê utlidade no drama. Ele transforma drama em música, em verso, em poesia, em dança. Dramático vê drama nas mais belas flores e nas mais bizarras situações do cotidiano. Às vezes ele é contraditório. Justamente por ver dramaticidade em coisas tão destintas teoricamente e físicamente.

Agora vamos esquecer a vítima. A vitíma, ao invés do dramático, não larga o drama, mesmo ele não sendo dela. Ela não cria, ela guarda. Ela respira um drama que não a pertence. E ela não vê utilidade no drama. A não ser em fugir dos problemas. Nisso, a vítima é mais eficaz. A contradição é o seu ponto forte. Justamente por falta de argumentos e por tentar encontrar uma saída falsa em sua escapatória.

O dramático quase sempre é visto por ter uma característica covarde. Mas é uma mentira. Ele não quer fugir do drama. A vítima sim, ela foge, mas ao mesmo tempo, não consegue se desapegar. O dramático não foge do drama, aliás, ele insiste em ver um fundamento naquilo, ele estuda e transforma, ele vê beleza na tristeza e no profundo. Virtude da qual é incapacitada por qualquer vítima.

O dramático é visto como chato. Ele não é completamente. Ele finge mais do que é. Pelo fato em procurar drama onde só se encontra felicidade. Não há como não achar alguém chato, quando esse alguém procura drama onde só se tem risos. Falsos, mas são risos. Devemos achar que o dramático não é feliz inteiramente por passar mais tempo procurando o drama na tristeza. Mas ele é. Essa é uma outra mentira. Ele não ostenta só tristeza, mas também, não se traveste em uma felicidade falsa. Por mais que o drama seja falso, ele sabe distinguir as características certas para ambos os sentimentos. Ele vê felicidade no drama e drama na tristeza. Ele sabe o quão importante é não ser falso em um momento de alegria. Sabe que querer enfeitar a felicidade com falsidade não é uma boa escolha. Um sorriso precisa ser verdadeiro. E o drama não é. Mas isso não significa que a felicidade não possa fazer parte da vida de um dramático. Ele consegue ser mais feliz do que muito infeliz que se julga feliz. Alegria é um falso sentimento, que por muitos é visto como felicidade. Alegria é momentânea, a felicidade é a consequência de uma vida que se leva. Portanto, alegria é uma parte falsa de uma felicidade deliciosa, contagiante e intensa, quando verdadeira, mas efêmera. Mais deliciosa do que falsa. Mais efêmera do que intensa.

Todos os poetas são dramáticos. O drama é lindo. Não há verso mais bonito do que o que é alimentado pelo drama. A dramaticidade fica na alma. É a mistura da beleza e do natural, com um pingo de tristeza. Não é apenas a tristeza escrita. É a beleza em forma de palavras, é a tristeza evoluindo e criando beleza por ser natural, por vir de forma pura. Não existe canção mais bela do que a dramática. Ela vem da alma. Nisso o drama tem em comum com a felicidade. Ambos vem da alma. A diferença é que o drama é inventado, a felicidade é algo desvendado.


Eu acho bonito ver uma utilidade tão pura e bonita para algo tão falso.
Acho uma virtude e não um problema, (como muitos acham) achar utilidade no drama. Ou, achar a utilidade do drama. Todo drama guarda a sua utilidade. Use-o para cantar, escrever, gritar, chorar, brincar, interpretar... O que for. Mas use. Use essa dramaticidade que há dentro e a transforme em talento.


O talento é a sua personalidade em forma de sentimento. E não em palavras. No meu caso, transcrevo o talento em palavras. Falsas palavras...

Disfarçadas de sentimentos.