Muitas vezes o esquecimentonos é confundido com desapego. Eu me desapego dos versos que escrevo, mas não esqueço. E muitas vezes o desapego é mal interpretado. Jamais me esquecerei dos sentimentos que transcrevo. É com o coração. É uma lembrança trazida ao papel, é a lembrança sendo materializada. Sou eu enfatizando a sua importância conforme a escrevo. É uma observação. Eu acho que o "esquecer" nos confunde com o desapego. Escrever é deixar o desapego fluir através das palavras escritas, não ditas. É uma comiseração ao próprio sentimento. Não, é mais do que comiseração. É a tristeza trazida com carinho e sendo desapegada. Todo sentimento deve ser passado adiante. Estamos aqui para sentirmos todo o prazer e a dor dos sentimentos. Mas sem nos esquecermos. É crescer, não esquecer. É um auto-conhecimento enorme. Nunca consegui encontrar uma forma mais verdadeira e mais confortável de aprender e a conhecer a mim mesmo do que escrever. Não chamo este prazer de esquecer. Cada verso que aqui escrevo é uma gota de carinho que deságua em um mar de satisfação. Não há como eu esquecer. É o alívio do apego indo embora, sendo transcrito, sendo compartilhado comigo mesmo. Sou eu me desapegando do que eu sinto. Colocando o desapego em palavras, em lembranças do que um dia eu passei.
E no final, quando este sentimento vier novamente, eu deixarei ele vir e serei mais forte por conhece-lo e ter deixado ele ir. Fazer amizade (também) com os sentimentos dolorosos.
Escrever é nada mais do que o desapego sendo colocado em prática.
Prefiro me desapegar dos problemas do que esquecer. Quando esquecemos, estamos fugindo do que sabemos que terá volta. O desapego, é sinal de crescimento, de estar preparado quando essa volta houver.
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