segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Hoje é Dia de Voltar a Amar


A minha vida é uma volta, ela dá voltas, ela vem e vai e volta, ela é uma estrada de volta para casa. São as mesmas pessoas, novos olhares. São outras percepções e os mesmos alardes. E isso é recíproco, é contínuo, é insano. Porque sempre paramos no mesmo lugar, mas não reconhecemos, não nos reconhecemos e não reconhecemos o próximo. O que muda é o ponto de vista. É a casa de dentro que muda, o aspécto é o mesmo, mas a voz já não. A visão é a mesma, o olhar não. O coração é o mesmo, a dor não. São outras opiniões com faces iguais. É uma cachoeira tranquila que escorre quilômetros de água sem perceber. Quando percebemos o rio secou e a correnteza cessou. Isso não é falta de atenção, é simplesmente inevitável. Se é lamentável ou não, depende de nós. Não me refiro à distância, não me refiro à saudade, não me refiro à lembrança e nem à impassibilidade. Eu me refiro à flor que brota hoje e desabrocha amanhã, eu me refiro ao beija-flor que desfruta desta flor hoje, e mais milhares amanhã. Eu me refiro ao pássaro que canta hoje e que amanhã não mais se escutará. Me refiro à mim mesmo, que lia ontem e escrevo hoje. Que sonho hoje e amanhã me deito.
Aproveitar o hoje é muito mais do que aproveitar só o hoje, é aproveitar o único, o que não voltará. Cada dia um lugar, cada segundo um olhar, cada decisão um abandonar, cada sorriso um cantar, cada destino um sonhar. Por mais que hoje seja apenas hoje, por mais que o amanhã seja o mesmo que hoje e que depois não sei...
Vem, volta para casa e te esperarei. Sem flor, sem dor, sem prometimentos e sem ter que pensar no amanhã. Por ser hoje, por hoje não voltar. Por hoje ser sempre e por sempre ser dia de amar.

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