sábado, 7 de setembro de 2013

A parte é o que nos faz partir

Toda vez. Toda maldita vez que eu abro os olhos e enxergo o que não deveria ver reparo no paradoxo natural da vida, na contradição de todos os fatores multiplicáveis que se resumem à todas as coisas indivisíveis se distorcendo à hipocrisia humana. Não é grande verdade que o ser humano seja a maior forma viva do quão imbecil a genialidade  possa ser. Não é grande verdade que o ser humano seja a única raça criadora e criatura que exista nesse planeta; tão certa de si e egocêntrica que é capaz de constituir um líder imaginário,  um ser supremo e dono de todas as coisas possíveis e impossíveis existentes, não-existentes e que ainda hão de existir, construído e moldado fisicamente, psicologicamente e frequentemente através dos padrões humanos de análise. Como um ser espiritual projetado em um nível de compreensão inalcançável, porém, com julgamentos, condenações e conveniências humanas. Sentimentalista e obsessivo ao ponto de vista de qualquer um que julgue a si mesmo pecador. Mas quem criou Deus senão o ser humano? Quem é o grande criador de todas as coisas possíveis e impossíveis, pensáveis e impensáveis, existentes e inexistentes? Eu só vejo a humanidade julgadora do universo, de todo o desconhecido vendo como base um Deus: a eterna hipocrisia travestida de paradoxo, o inacreditável em forma de conveniência. É inacreditável que ainda precisemos de Deus para existirmos. Por que não a contradição que é ser indivíduo e parte de tudo ao mesmo tempo, a busca maior pela compreensão de si mesmo ao invés de algo incompreensível mas condenador? O criador somos nós e tudo que envolva pecado está em Deus. Porque quem cria não tem medo da pressão, quem cria já se pressiona demais em tudo que faz. Quem cria não tem receio da condenação. Abençoemos os que ainda criam. Todos levamos um pouco de culpa no que somos. Somos culpados por existirmos e talvez o peso seja necessário para que a essência não morra. O ser humano tão íngreme e objetivo, capaz de destroçar qualquer certeza e liquidar com qualquer imposição, indo além do olhar e da própria existência. Não é grande verdade que a humanidade seja a maior destruidora de paradigmas. Isso é incrivelmente desafiador à todas as outras coisas vivas que ainda existem com a coexistência do ser humano. Eu generalizo porque somos engrenagem e a parte nada é senão o resto do todo. O resto nunca tem grande importância, senão sustentar toda a merda e o lixo do todo.  Sustentar. Para a humanidade isso tem pouca importância. Todos querem o topo porque a arrogância e a ganância é o que faz pulsar um Deus estabelecido por fatores egoístas. Deus nos põe no topo porque ele é conveniente à insignificância de tudo que o ser humano quer. A humanidade nem sabe o que quer além de estar no topo. Todo o resto é pecado e eu imploro, do fundo do coração, do fundo da minha insignificância que alguém abençoe os pecadores. Os sustentadores desse planeta criado por um Deus que só abraça o topo. Uma raça individualista ao extremo e extremista à todas as coisas miseráveis. Se Deus faz parte de alguma coisa, ele faz parte dessa raça, faz parte do topo; não do todo. A gente quer gritar por liberdade, almejar a liberdade, mas jamais ser livre. Porque ser livre dói. Cuidar e ser responsável por si mesmo dói e, nós não queremos dor. Queremos Deus. Queremos alívio pelo que não precisa aliviar. Não queremos sentir nada além de segurança, que é sentir o mínimo para sobreviver. Sobrevivência é o que esperamos de Deus. E eu ainda acredito na existência de um Deus que vive, que viva o suficiente para permitir a vida, respeitar e conspirar a favor de todo o resto que sustenta o lixo. Eu ainda acredito num Deus que faça nada além de afastar Deus da humanidade. Eu acredito que assim como o vazio, a humanidade possa ser flexível a ponto de sustentar e recriar tudo que favorece o topo e isola o resto. Independência! É o que clamo por todos. Morte! é o que grito ao topo.

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