domingo, 8 de setembro de 2013

Eu sei que somos maiores que o drama, eu sei que somos melhores do que somos. Eu sei que não somos. Eu não sei bem o que sei, mas sinto que deveria saber e sempre prefiro sentir ao saber. Prefiro me descobrir no que sinto do que querer saber demais sobre o que só vive através do desconhecido. O mundo inteiro sabe, o mundo é sábio e nos julgamos felizes e certos por isso. Vivemos em um mundo extraordinário e incrível. O mundo deixou de ser o detalhe, começou a ser o centro. Quanto mais tivermos do mundo, melhor. Mas é um equívoco. Jamais teremos se quer um grão de areia do que julgamos obter. Nós somos parte do todo, e como parte, somos um detalhe; e o detalhe nada obtém. Tudo absorve, tudo que é invisível nos acrescenta, tudo que ousamos possuir nos destrói. Esquecemos que há um mundo em cada detalhe e que cada mundo é apenas um resquício no infinito. O meu medo é ser igual a todos que já disseram amar de verdade. Quem ama não diz. O amor é raro às palavras e sensível ao verbo. Não digo que amar não é pra qualquer um porque qualquer um é amor. O amor é pra todos, o amor é sutil, amar é se reconhecer pequeno num imenso oceano de sensibilidade que está no detalhe e não no incrível. Está no diverso e no sorriso, não no tamanho do abismo. Esqueço o que eu sei sobre amor. Sinto que me esqueço de amar quando penso que sei demais. E isso é um paradoxo se o que aqui escrevo é só por amor. Mas vivo por isso. Não importa o quão entendedores nos julgamos, o quanto vivenciamos para encontrar amor no outro se não vigiamos o nosso olhar. Quando tu diz, ele já foi. O amor está no discreto, no pequeno, num abraço meio abalado, no sorriso errado, no corpo gelado que espera tanto quanto dói. Ele inibe a dor, esmaga todos os sentidos, distorce o tamanho, ocupa o que parecia transbordado e se dissolve no vazio, no nada ou em si mesmo. A gente sente nada além de tudo que jamais pensou em sentir. É tão grande que nem cabe ali, não nos cabe. Ele dança entre a gente. Ele nos escorre pelos dedos, pelos nossos cabelos, nos faz brilhar e nos faz enxergar mais em nós mesmos. Nos sentimos refletidos no outro, compreendemos o olhar e faremos qualquer coisa por esse amor que se materializa através das nossas veias e deságua no pulsar de um coração colado ao outro. Ele tem tanto à nos dar, a nos fazer sentir que não poderia se ocupar nas palavras. Está em cada letra de quem diz, em cada frase dita pela boca de quem ama. Mas só vai até a boca, pára no corpo, porque o amor toma o o ser, não se importa com o verbo. Quando se dissolve no ar e destrói a incerteza do que se sente, ele nada mais é do que desgaste. É até um perigo eu dizer o que sinto se dizer me distancia dos meus sentidos. É superficial aquele quem muito diz o que sente. Mas eu escrevo, escrevo porque sinto muito, e, de alguma forma isso amplia minhas percepções, principalmente dos meus sentimentos. É engraçado quando percebo que há amor nessas palavras, quando na verdade não há. Há amor em que lê, não nas palavras de quem escreve. Quem escreve necessita do amor de quem lê, para que nas palavras, o amor do escritor se reconheça em você.

2 comentários:

  1. O Amor está aqui e está aí, nesse coração eternamente adolescente e aflito, repleto de graça e de infinito!
    Te abraço em cada palavra saída do teu silêncio que diz muito mais do que a letra pode expressar!
    Te vejo.

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  2. O amor é particular, descobrir ele em outro é apenas uma questão de encontro.

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